Foi a primeira vez que eu visitei a Aldeia Vulpini.

Eu estava exausto das minhas longas viagens. Cambaleei para fora do restaurante, ainda um pouco alto do aperitivo do jantar. O sol estava prestes a sumir pela noite, e o pôr do sol estava maravilhoso... talvez por causa do álcool. Quando cheguei à praça da cidade, notei uma moça olhando para mim. Ela parecia tão solitária, sozinha sob o sol poente. Eu me aproximei da garota como se estivesse possuído, e falei com ela o mais educadamente possível. Disse a ela que era minha primeira vez nessa cidade e que eu queria conhecer alguns lugares para visitar. A mulher me ouviu sem qualquer indício de desconforto pelas minhas divagações embriagadas. Então, gentilmente se ofereceu para me mostrar a cidade. Nós andamos pela aldeia juntos... através de ruas, becos e uma praça... e então em direção à floresta fora da aldeia. Mais ou menos nesse momento, o sol se pôs completamente. Não me lembro de muito depois disso.

Quando acordei repentinamente do meu estupor, eu estava bem longe da aldeia. As tochas acesas pelos guardas pareciam pouco visíveis à distância. Eu estava prestes a perguntar a ela se podíamos voltar, quando a garota subitamente começou a ficar mais alta, enquanto seus ossos emitiam o som de galhos se quebrando.

Não foi só a altura dela que mudou. Com um rosnado, os ombros da mulher gradualmente aumentaram. Foi como se todos os músculos no corpo dela estivessem gritando. Cabelos pretos encheram sua face, como uma fera, e seus olhos ficaram vermelhos como fogo ardente. Nesse ponto, eu me lembrei do fato curioso de que a Aldeia Vulpini havia sido originalmente uma fortaleza para o Exército da Resistência que lutava contra os Licantropos.

Eu corri em direção à aldeia, com lágrimas escorrendo por meu rosto. Pelas minhas costas, o hálito quente agarrou-se a mim como se algo fosse morder meu pescoço a qualquer momento. Não me lembro do que aconteceu depois. Acho que os guardas da aldeia gritaram alguma coisa...

De qualquer jeito, os próximos dias passaram como um borrão. Disseram que eu gritava "Lobisomem" ou "Licantropo" enquanto alternava entre o sono e a vigília em meio a uma febre. Assim que minha febre passou, eu voltei para Petrearda. Eu estava completamente bem. Bem, na verdade, por um tempo depois disso, eu tinha acessos de tremedeira violenta só de ver um cachorro. Até hoje, nunca mais voltei à Aldeia Vulpini. Mas se quem estiver lendo isso quiser ir lá, eu só gostaria de dizer... não vá. Mas se você for...

... não se distraia com moças bonitas na praça da cidade.