1º Dia

Eu finalmente cheguei ao Templo de Syaveth. Faz exatamente um mês que acompanho o Mestre Alaister nesta jornada.
O templo é realmente imenso. E tão lúgubre! Todos aqui andam com o rosto coberto por capuzes.
Me enviaram à Irmandade da Paz. Meu mestre diz que aprenderei sobre doutrinas misteriosas e magia com os membros.
As pessoas aqui são quietas e sérias, mas eu meio que gosto de vê-las trabalhando silenciosamente em suas próprias coisas.
Graças ao meu mestre, posso deixar para trás minha velha vida na fazenda e as surras do meu pai bêbado. Sinto tanta gratidão por ele.

5º Dia

Dois dias se passaram desde que o Mestre partiu. Já estou me acostumando com o mingau nojento (e um tanto sangrento) de carne.
Comecei a aprender os caracteres antigos com um novo mestre ontem. Continuo a orar e meditar em horários determinados.
As pessoas raramente falam, então me sinto um tanto só, mas minha mente e meus pensamentos estão ficando mais claros.
Segundo o Livro, tudo no mundo está ligado à morte e por ela.
Syaveth preside o descanso eterno da morte e, um dia, a morte e a vida serão unificados.
Hoje, fiz um amigo chamado Rupert. Ele diz que nem um ano se passou desde que veio para cá.
Ele me disse que, uma vez por ano, os novos sacerdotes passam por uma cerimônia de promoção chamada Iluminação do Silêncio.

50º Dia

Hoje, enquanto meditava, tive uma experiência estranha. Senti como se tivesse me unido a um ser especial, flutuando no ar.
A sensação durou apenas um segundo, mas foi tão intensa que fiquei pensando nela sem parar. Deve ter sido uma revelação especial de Syaveth.
Rupert disse que teve uma experiência semelhante há alguns meses. Ouvir isso me desapontou um pouco.
Ele está animado para o Ritual de Iluminação do Silêncio que vai acontecer em alguns dias.

53º Dia

Preciso agradecer ao meu pai. Graças às minhas memórias dele, sinto que agora realmente compreendo as palavras das Escrituras Syaveanas.
O perdão ou o amor espiritual que parecem nobres são mentiras, e a vingança contra aqueles que me atormentaram é a verdadeira luz que ilumina o mundo.
Parece que quanto mais aprendo a doutrina, mais compreendo a forma como o mundo exterior funciona.
Sinto o fardo pesado em meus ombros desaparecendo e minha alma se libertando.

206º Dia

Talvez como resultado do meu trabalho árduo, foi-me dada a tarefa honrosa de transcrever os documentos antigos da biblioteca.
Dizem que eles contêm a sabedoria desta era e a chave para resolver os mistérios do universo.
Meu primeiro instinto foi me gabar da minha boa sorte, como é o costume... mas faz algum tempo desde que vi Rupert.

Não me lembro quantos dias se passaram.

Eu encontrei Rupert. Cometi uma transgressão e fui até a Área Proibida, e lá estava ele... se movendo sem rumo, um cadáver ambulante. E havia outros também.
Está claro que o ritual transforma as pessoas em escravos sem alma.
Tem tantos ali. E, como o Rupert, eram todos Liches terríveis.
É assustador. Sinto que meu coração está prestes a explodir. Este templo é um lugar insano! Maldição!
Eu deveria ter percebido isso quando aquele bebum exigiu dinheiro após me mandar para cá!
Preciso sair daqui com vida... custe o que custar!