ID: 2271887007
Diário de um Refugiado de Talandre Desconhecido
icon Tarefa do Codex
Tipo: Coleção
Categoria: Perto da Aldeia Vulpini

Diário de um Refugiado de Talandre Desconhecido 1

Relato de um Exilado de Talandre

Não sou escritor por natureza, mas sinto que eu tenho que contar para alguém sobre o que vi, então peguei minha pena para registrar a verdade daquele terrível dia.
Os Licantropos são ferozes e cruéis em sua essência, mas, segundo as lendas, eles não encostam em crianças ou mulheres que não são combatentes. De acordo com as histórias, caçadores são brutalmente assassinados, mas mulheres e crianças voltam para a aldeia ilesas.
Mas aquele dia foi diferente. Eu parti com o intuito de destruir os Kowazans, um Clã dos Licantropos que havia invadido Talandre a mando de um lorde que se aliou com a Legião de Arkeum. Kowazan não era apenas o nome do clã, mas também o nome do chefe deles há gerações. Talvez nem seja um nome, mas um título. Naquela época, o Clã Kowazan era muito forte, e todos tínhamos medo de que seríamos nós os destruídos. Ouvimos dizer que o novo Kowazan, que recentemente tinha se tornado chefe, era muito poderoso, o que explicava como eles tinham chegado tão longe, até Talandre.

Diário de um Refugiado de Talandre Desconhecido 2

Quando escutei o grande rugido do Clã Kowazan, foi difícil me manter em pé e não cair no chão. Os Licantropos emergiram da floresta e massacraram meus camaradas. Tudo que pude fazer foi assistir, impotente, enquanto o indivíduo ao meu lado era partido ao meio. De algum modo, me recuperei do choque e reuni forças para subir em uma árvore. Depois disso, tudo que consegui ver foi uma onda de morte e gritos.
Enquanto eu me segurava desesperadamente em um galho, horrorizado e tremendo, repentinamente senti o cheiro de queimada. Muita queimada. A fumaça se espalhava, e meu coração pulou do peito enquanto eu me perguntava se alguém estava tentando queimar a floresta inteira para pegar os Licantropos. Eu havia escalado a árvore para sobreviver e morreria queimado se continuasse lá em cima. Contudo, se eu descesse, seria dilacerado pelas garras dos Licantropos em um instante. Sem saber o que fazer, olhei para baixo desamparado e sem recursos.
Foi aí que eu vi a garota. Quatorze ou quinze anos, vestida com um robe escuro e comprido e com longos cabelos pretos. Ela não parecia real, e a aura violeta ao seu redor fazia parecer como se eu estivesse sonhando.
O que vi a seguir foi algo de que não me esquecerei até o dia da minha morte.

Diário de um Refugiado de Talandre Desconhecido 3

A garota sacudiu a mão, e a mesma aura violeta que havia a cercado estourou, transformando os Licantropos ao redor dela em pó. É isso mesmo, eles literalmente viraram cinzas. Eu congelei, sem conseguir gritar enquanto assistia aos seus corpos inteiros se desintegrando no vento. Enquanto ela se afastava, o odor de enxofre queimando pairava atrás dela.
Eu não conseguia tirar meus olhos dela. Outro Licantropo destemido apareceu na frente da garota. Ele tinha uma cabeça a mais de altura em comparação a todos os outros e se vestia com uma pele animal de formato estranho. Eu imediatamente presumi que aquele era O Kowazan. Ela lentamente andou até ele.
Você acredita nisso? Conforme ela levantava a mão em direção ao gigante, Kowazan empurrou cruelmente um dos capangas, que estava ao seu lado, para a frente. O capanga foi reduzido a cinzas. A garota acenou novamente, de leve, como se estivesse dançando. O corpo gigante de Kowazan deu um pulo com tremenda velocidade para trás de outro capanga atordoado, e aquele Licantropo também foi reduzido a nada.

Diário de um Refugiado de Talandre Desconhecido 4

Kowazan, tão infame e tão orgulhoso, havia sacrificado vários de seus soldados para salvar a própria vida. Claramente farta daquele jogo, a garota estalou seus dedos e Kowazan deu um grito formidável. Eu quase caí da árvore por causa do som, mas consegui me segurar enquanto Kowazan fugia apressado, gritando de agonia.
Depois eu soube que Kowazan havia perdido um de seus olhos. Não posso afirmar com certeza, pois o mundo ao meu redor ficou escuro. Não me lembro de mais nada depois disso. Quando acordei mais tarde, fui informado por um guarda que passava que eu tinha desmaiado e caído da árvore. Talvez a garota não estivesse interessada em alguém tão insignificante quanto eu, ou talvez ela estivesse do meu lado. Eu sobrevivi ao incidente sem feridas sérias, além de uma perna e um braço quebrados pela minha queda. Também tive sorte de não bater a cabeça.
Ainda assim, nem todas as feridas são físicas. Eu não parava de ter pesadelos com Licantropos pegando fogo até não sobrar nada. E ainda pior, eu via aquela garota... não conseguia evitar pensar que um dia ela reduziria todos os soldados ao seu redor a cinzas e então desapareceria, como uma deusa da morte...

Diário de um Refugiado de Talandre Desconhecido 5

No final das contas, eu fiquei no campo na orla da floresta por um tempo, por causa dos meus membros quebrados. Quando pude viajar, praticamente rastejei até Petrearda.
Ao chegar na aldeia, estava tremendo e suando muito. Os habitantes me receberam calorosamente quando perceberam que eu era um desertor. Eles disseram que os Kowazans, que vinham expandindo seu território ao norte até Talandre, haviam repentinamente regressado e bloqueado todas as pontes para o norte, recuando até o vale. Os habitantes da aldeia também disseram que a ferocidade dos Licantropos havia se intensificado depois do que aconteceu com eles.
Os habitantes me confortaram, dizendo que a vida em Petrearda não seria diferente de como era em Talandre. Eu não me importava, desde que não estivesse na mesma terra que aquela garota aterrorizante.
Se alguém estiver lendo isso, tome cuidado. Se vir uma garota de cabelos pretos com uma aura roxa ao redor dela (pode ser que ela não seja mais uma garotinha), corra. Onde quer que esteja, não importa o que você seja, só corra. Esse é o único jeito de sobreviver.

exitlag


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